Augusto Comte – Positivismo
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático
francês, nasceu em Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do
Positivismo. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier, ingressando
depois na escola Politécnica de Paris, de onde foi expulso em 1816 por ter-se
rebelado contra um Professor.Foi então estudar medicina em Montpellier, mas
logo regressou a Paris, onde passou a viver de aulas e colaborações em jornais.
Em 1818 foi discípulo de Saint-Simon, de quem seguiu a orientação para o
estudo das ciências sociais, mas com o qual se indispôs em 1824.
Em 1826, começou a elaborar as lições do Curso de Filosofia Positiva,
Sofrendo, porém, sério esgotamento nervoso, viu-se obrigado a interromper seu
trabalho. Já recuperado, publica, de 1830 a 1842, sua primeira grande obra:
Curso de Filosofia Positiva, constituída de seis volumes.
Foi mestre repetidor examinador na
Escola Politécnica, funções de que foi destituído em 1844 e 1845
respectivamente. Viveu, daí por diante, de aulas particulares – tendo por
alunos vários brasileiros – e de contribuições pecuniárias de amigos.
A partir de 1846 toda sua vida e obra passaram a ter um sentido
religioso. Desligou-se do magistério, dedicando-se mais às questões espirituais.
Deixou de ser católico e fundou a religião da Humanidade. Para propagar sua
nova religião, manteve correspondência com monarcas, políticos e intelectuais
de toda parte, tentando por em prática suas idéias de reformador social. Emitiu
sucessivamente as idéias da “virgem mãe”, a adoração da humanidade, da
organização da sociedade pela ciência.
Sociologia que a princípio Comte denominou “Física Social “é um vocábulo
criado por ele no seu Curso de Filosofia Positiva. Para Comte, a sociologia
procura estudar e compreender a sociedade, para organiza-la e reforma-la
depois. Acreditava que os estudos das sociedades deveriam ser feitos com
verdadeiro espírito científico e objetividade.
O pensamento de Comte provocou polêmicas no mundo todo e reformulações de
teorias até então incontestáveis. Sua influência foi imensa quer como filósofo
social, quer como reformador social, principalmente sobre os republicanos
brasileiros. Lema da Bandeira Nacional
“Ordem e Progresso”, criado por Benjamin Constant, é de inspiração Comtista.
O lema que resume o positivismo:
A Religião da Humanidade, fundada por Augusto Come, sobre a Angélica
inspiração de Clotilde de Vaux, pode ser indiferentemente caracterizada como a
religião do Amor, a Religião da Ordem ou a Religião do Progresso; O Amor
procura a Ordem e leva ao Progresso; A Ordem consolida o Amor e dirige o
Progresso; O progresso desenvolve a Ordem e conduz o Amor, donde a sentença
característica do Positivismo:
“O Amor
por princípio, a Ordem por base e o Progresso por Fim”.
O Brasil foi o
país do mundo onde a influência de Augusto Comte se fez mais sentir. Os
apóstolos brasileiros que mais trabalharam para o seu desenvolvimento foram:
Miguel Lemos e
Raymundo Teixeira Mendes.
Augusto Comte
morreu em Paris a 5 de setembro de 1857.
O século XIX é caracterizado por duas correntes filosóficas: o Idealismo
na primeira metade e na segunda metade pelo Positivismo.
O Positivismo
A revolução Industrial no séc. XVIII, expressão do poder da burguesia em
expansão, demonstrou a eficácia do novo saber inaugurado pela ci6encia moderna
no século anterior. Ciência e técnica tornaram-se aliadas, provocando
modificações no ambiente humano jamais suspeitadas. De fato, basta lembrar que
antes do advento da máquina a vapor, usava-se a energia natural (força humana,
das águas, dos ventos., dos animais)e, por mais que houvesse diferenças de
técnicas adotadas pelos diversos povos através dos tempos, nunca houve
alterações tão cruciais como as que decorreram da Revolução Industrial.
A exaltação diante desse novo saber e novo poder leva à concepção do
cientificismo, segundo o qual a ciência é considerada o único conhecimento
possível e o método das ciências da natureza o único válido, devendo portanto,
ser estendido a todos os campos da indagação e atividade humanas. Neste clima,
desenvolve-se no século XIX o pensamento positivista, que tem Augusto Comte
como principal representante.
Comte e a lei dos três estados
Para um rápido esboço do
pensamento de Comte, vamos utilizar suas próprias palavras “Estudando, assim, o
desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de
atividade, desde seu primeiro vôo mais simples até nossos dias, creio ter
descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade, e
que me parece ser solidamente estabelecida, que na base de provas racionais
fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações
históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que
cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimento,
passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: (...)
“No estado teológico, o espírito humano, dirigido essencialmente suas
investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de
todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos,
apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de agentes
sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica
todas as anomalias aparentes do universo”.
“No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples
modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por
forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes
aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas
próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em
determinar para casa uma entidade correspondente”.
“Enfim, no estado positivo, o
espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas,
enuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas
íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso
bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas
relações invariáveis de sucessão e de similitude”.
Para comte o estado positivo corresponde a maturidade do espírito humano,
o termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição
a indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe a formas
tecnológicas ou metafísicas de explicação do mundo.
Segundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente
são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”.
A Classificação da ciência e da sociologia
Comte fez uma classificação das ciências: matemática, astronomia, física,
química, biologia e sociologia.
O critério da classificação vai de mais simples e abstrata, que é a
matemática, até a mais complexa e concreta que é a sociologia. E essa ordem não
é apenas lógica, mas cronológica, pois foi nessa seqüência que elas aparecem no
tempo.
A sociologia de
Comte gira em torno de núcleos constantes, como a propriedade, a família, o
trabalho, a pátria, a religião. Exclui a preocupação com uma teoria do Estado e
com a economia política.
A filosofia de Comte pode ser considerada como uma reação conservadora à
Revolução Francesa (1789), Colocando-se no caminho contra evolucionário, quer
participar da reconstrução instituindo a ordem de maneira soberana.
A palavra Ordem
significa ao mesmo tempo arranjo e mando. É ele mesmo que afirma:
“Nenhum grande progresso pode efetivamente se realizar se não tende
finalmente para a evidente consolidação da ordem”.
Seu conceito da ciência é o de um saber acabado, que se mostra sob a
forma de resultados e receitas.
Tendo colocado a ciência positiva como o ápice da vida e do conhecimento
humanos Comte prossegue estabelecendo uma série de postulados aos quais a
ciência deve se conformar. O principal deles é que a ciência deve assegurar a
marcha normal e regular da sociedade industrial. Ora, ao fazer isso, Comte
troca a teoria filosófica do conhecimento por uma ideologia.
Com a religião positivista Comte mostra-nos mais uma vez seu lado
ambíguo: trata-se de uma racionalização do sagrado ou de uma sacralização do
racional.
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